Programa de Conservación de Murciélagos de Brasil (PCMBr)
A Área de Proteção Ambiental (APA) Complexo Caverna do Maroaga é uma Unidade de Conservação (UC) estadual do Amazonas, criada em 1990, tem 374.700 ha, e corresponde aproximadamente a 15% da área do município de Presidente Figueiredo. Limita-se, ao norte, com a terra indígena Waimiri Atroari e com o lago da hidrelétrica de Balbina; a oeste com a BR 174; ao sul com rio Urubu e Igarapé-Açu e a leste com o rio Uatumã. Ao longo da rodovia estadual AM 240 existem muitos atributos naturais ecoturísticos como cachoeiras e corredeiras. O complexo de cavernas de formação arenítica onde localiza-se a Caverna Refúgio do Maroaga, é fundamental para a conservação de Rupicola rupicola, galo-da-serra, símbolo do município de Presidente Figueiredo, e visada pelo tráfico de animais silvestres. O desmatamento resultante da ocupação desordenada do território, conversão do uso das terras para sistemas agrícolas e o não cumprimento da legislação ambiental são as principais ameaças e fator preocupante sobre a integridade dos recursos naturais dessa UC (SEMA 2010).
A Caverna do Maroaga abriga, no momento, quatro espécies de morcegos, com cerca de 2000 indivíduos que compartilham diversas câmaras do interior da gruta. Contudo, há registro de 25 espécies com diversos hábitos alimentares (frugívoros, onívoros, nectarívoros, insetívoros) que prestam serviços ecossistêmicos de dispersão, polinização e controle de populações de invertebrados e vertebrados. Existem registros anteriores de Pteronotus parnellii, Pteronotus gymnonotus, Phyllostomus elongatus, Vampyrum spectrum, Desmodus rotundus e de espécies do gênero Myotis. A colônia de Pteronotus parnellii, apresentava milhares de indivíduos, que no entanto não se abrigavam todos os dias na caverna. A relevância na conservação desse ambiente, é que esse refúgio é importante para o municipio de Presidente Figueiredo, por tratar-se de um abrigo maternidade.
Localiza-se no município de Presidente Figueiredo, situado ao norte de Manaus. O acesso é feito via terrestre. Sua área inicia-se no km 98 e vai até o km 200 da BR-174, que liga o Amazonas a Roraima. A caverna localiza-se no km 08 da margem direita da estrada de Balbina. A entrada da caverna fica a 600 metros da rodovia, por trilha aberta em meio à floresta (Reis 2010).
A caverna do Maroaga faz parte de uma das formações geológicas mais antigas do flanco Norte da Amazônia brasileira. Geologicamente apresenta riqueza de espeleotemas de origem arenítica, pois sua formação é única no mundo e composta por rochas de formação Nhamundá do Grupo Trombetas, dos períodos Terciário e Quaternário (Reis 2010).
A diversidade de espécies de flora, presentes na APA do Maroaga e futura AICOM, são fundamentais para a manutenção da biodiversidade e dos ecossistemas naturais. A floresta é agente minimizador de calor para a área urbana (muito próxima), purificador do ar, e propicia abrigo, proteção e fonte de alimentos para diversos organismos, entre os quais os quirópteros. A diversidade de tipos de vegetação alberga espécies de orquídeas e bromélias; árvores de valor comercial como angelim, louro, cedro, mogno utilizados na construção e fabricação de móveis. (SEMA 2010; Reis 2010).
A fauna de vertebrados é extremamente diversificada, apesar da baixa densidade populacional das espécies. A maior particularidade da reserva é a grande quantidade de espécies de morcegos, os quais contribuem, em grande parte, para a diversidade da flora local e controle de populações de insetos (SEMA 2010).
As ações para conservação desse abrigo devem ser permanentes e com estudos continuados. Atualmente a caverna está protegida por Lei Municipal, porém não há impedimentos para a pressão antrópica do seu entorno, desmatamento e desapropriação de terras, uso de área limite à APA para uso de aterro sanitário (lixão) e pela visitação pública desacompanhada de guias e que nem sempre tem compromisso conservacionista, acarretando o pisoteamento da fauna de solo e perturbação dos morcegos na caverna.
Ações a serem implantadas
Sensibilizar as autoridades locais e regionais envolvidas, sobre a importância dessa formação rochosa e da diversidade faunística, em especial, de morcegos.
Implementar ações de Educação Ambiental (Festival dos Morcegos) tanto nas instituições de ensino, como de moradores locais, voltada para os morcegos e suas interações com o hábitat cavernícola.
Parceria com a Secretaria Municipal de Turismo, bem como, demais instituições do setor público e privado que executará ações de educação e minimização de impactos junto à comunidade e aos turistas, para que apenas adentrem com o acompanhamento de guias capacitados, e com a finalidade de evitar a perturbação da área e das espécies de morcegos, especialmente no período reprodutivo.
Área Polígono APA Caverna do Maroaga (KML)
Área do Complexo Maroaga, Presidente Figueiredo, AM.
FAMILIA EMBALLONURIDAE
Peropteryx trinitatis (Miller, 1899)
(Trinidad Dog-like Bat)
Fonte: Roberto L.M. Novaes. http://morcegosdobrasil.blogspot.com/
Distribuição:
Distribuição limitada à Aruba, Guiana Francesa, Guiana, Trinidade e Tobago, Venezuela, Bolívia e Brasil (Gardner 2008). Registrada para os estados do Amazonas, Pará e Mato Grosso, Bioma Amazônico, Maranhão e Bahia no bioma Cerrado.
Estado de Conservação:
Não registrada no MMA (Chiarello et al. 2008), a IUCN considera a espécie como dados insuficientes (Sampaio et al. 2016).
Comentários:
Espécie necessita de informações bioecológicas e comportamentais. Na caverna do Maroaga estão presentes em fendas muito estreitas e profundas e em estruturas, semelhantes a salões externos.
FAMILIA PHYLLOSTOMIDAE
Subfamilia Phyllostominae
Phyllostomus hastatus (Pallas, 1767)
Morcego grande com focinho ponta de lança
Fonte: Rogério Gribel
Distribuição:
Apresenta registros para América Central (Belize, Costa Rica, Guatemala, Honduras, Nicarágua, Panamá, e América do Sul (Guiana, Guiana Francesa, Suriname, Trinidad e Tobago, Venezuela, Peru, Equador, Colômbia, Bolívia e Brasil) (Gardner 2008).
Estado de Conservação:
Não registrada no MMA (Chiarello et al. 2008), mas Vulnerável para o Estado do Paraná. A IUCN considera a espécie uma preocupação menor (Barquez y Díaz 2015).
Comentários:
Espécie fortemente associada a abrigos com distribuição fragmentada (fendas, cavernas, ocos de árvores). Na região alimenta-se de itens diversos como frutos, pequenos vertebrados (lagartos, roedores e outros morcegos) e insetos (besouros, cigarras e esperanças) e mesmo frutas, forrageia acima do dossel, sendo considerado onívoro. Na caverna do Maroaga, formam agrupamentos em torno de 500 morcegos, porém podem formar grupos maiores.
Vampyrum spectrum (Linnaeus, 1758)
Morcego espectral, Carcará da Amazônia, Andirá-Guaçu
Fonte: Rogério Gribel (arquivo pessoal)
Distribuição:
Distribuição vinculada às Américas Norte, Central e do Sul, desde o sul do México, Costa Rica, Trinidad e Caribe, Brasil e Peru (Silveira et al. 2011). No Brasil está registrada a Floresta Amazônica, nos estados do Acre, Amazonas, Amapá, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins e para o Pantanal, Mato Grosso do Sul (Silveira et. al. 2011).
Estado de Conservação:
Não registrada no MMA (Chiarello et al. 2008). A IUCN considera a espécie quase ameaçado IUCN (Solari 2018).
Comentário:
Espécie fortemente associada a abrigos com distribuição fragmentada (fendas e cavernas). Embora não haja informações sobre suas exigências ecológicas, a raridade da espécie indica pelo menos o “status” “Vulnerável” (VU). No local foram contabilizados seis indivíduos coabitando com outras espécies.
Subfamilia Carollinae
Carollia perspicillata (Linnaeus, 1758)
Morcego frugívoro de cauda curta
Fonte: Roberto L.M. Novaes. http://morcegosdobrasil.blogspot.com/
Distribuição:
É registrado desde Oaxaca e Península do Yucatã no México, América Central e Caribe e na América do Sul, até a Argentina, inclusive Equador e Brasil (Gardner 2008). Ampla distribuição no Brasil, ocorrendo em todos os biomas, exceto o Pampa.
Estado de Conservação:
Não registrada no MMA (Chiarello et al. 2008), a IUCN considera a espécie uma preocupação menor (Barquez et al. 2015).
Comentário:
Espécie associada a abrigos cavernícolas e telhados, distribuída em áreas florestadas, rurais e urbanas. A caverna do Maroaga é fundamental para a espécie, uma vez que cerca de 300 indivíduos se reproduzem no local. Os partos inician em final de agosto.
FAMILIA EMBALLONURIDAE
FAMILIA PHYLLOSTOMIDAE
Subfamilia Desmodontinae
Subfamilia Phyllostominae
Subfamilia Carollinae
Subfamilia Stenodermatinae
FAMILIA MORMOOPIDAE
FAMILIA NATALIDAE
FAMILIA MOLOSSIDAE
FAMILIA VESPERTILIONIDAE
Aspectos da vegetação, de médio e grande porte, APA do Maroaga, Presidente Figueiredo, AM.
Aspectos do interior da caverna, com grupo de Carollia perspicillata em seu interior.